Cinquenta tons de cinza

13 fevereiro 2013


Cinquenta tons de cinza
E.L. James
Editora Intrínseca
480 págs.

CONTEÚDO ADULTO - ROMANCE HOT

Confesso que inicialmente me neguei a ler este livro por acreditar que o personagem de Christian Grey é essencialmente sádico e na minha concepção, pelo falatório geral não respeita a mulher de forma alguma, tratando-a como objeto único para lhe propiciar prazer pela dor submissa e pelo controle excessivo. 
  
Após ler o livro Toda Sua da trilogia Crossfire, sempre coloquei que preferia o Gideon Cross por ser um lorde, apesar de controlador, mas com a intenção primeira de cuidar zelosamente do seu objeto de amor. Pois bem, me dei por vencida e comprei a trilogia Cinquenta tons deixando claro que iria ler apenas para confirmar a minha tese de que não gostaria da história, e principalmente do Christian Grey. Devorei os três livros em nove dias, em um total aproximadamente de 1.596 páginas os três livros. 

Trata-se de uma leitura envolvente que não se consegue parar de ler. Como li os três livros em nove dias, me propus a reler para emitir uma opinião e compartilhar a minha percepção com vocês.

Longe de ser uma excelente literatura, acredito que a quantidade de páginas escritas foi excessiva, tem muita repetição e cada livro cumpriria sua função com apenas 250 páginas e não 500 em média cada um. Mas considerando que já vendeu 40 milhões de cópias significa que instigou as pessoas a lerem e em minha opinião isto é o que vale, pois a maioria dos brasileiros não são muitos adeptos a leitura, então que venham outros livros que despertem a curiosidade das pessoas e a descoberta do prazer na leitura, e com ela a magia, a imaginação para viajar por outros lugares, vivências e novas experiências. 

Uma questão me chamou a atenção: porque de repente tantas pessoas, principalmente mulheres, leem os Cinquenta tons em qualquer lugar (ônibus, trem, metrô, andando nas ruas, nas praças, etc.)? A resposta para esta questão veio de uma conversa com a minha amiga Simone Guedes, chegamos à conclusão de que talvez tantas mulheres leiam em qualquer lugar pelo fato de que todos sabem o tema do livro (conteúdo adulto erótico light) e assim, elas não se sentem constrangidas e julgadas por isto, ou seja, não são vulgares ou coisa do gênero, podendo assumir a escolha do livro independente da opinião dos outros. 

Bom, vamos para à resenha. 

Anastácia Steele uma jovem de 21 anos, universitária, adora literatura inglesa, inocente, virgem, dona da própria opinião, ainda não teve despertada a chama da paixão e da sexualidade por ninguém em um relacionamento. Ela é uma pessoa bem articulada, simples, sem muitas ambições e faz a linha filosófica: viver um dia de cada vez, viver o hoje sem exageros, não é ligada a dinheiro e riquezas. Ela é bastante tímida e não reconhece em si vários atributos positivos que têm. Mora com a amiga Kate Kavanagh, estudante de jornalismo, que tencionava entrevistar o grande empresário Christian Grey, mas no dia da entrevista é acometida por uma forte gripe, então pede socorro a Anastácia para entrevistar o poderoso e enigmático empresário. Apesar da relutância Ana resolve ajudar a amiga e munida de gravador e das perguntas elaboradas por Kate parte para sua missão. Ao entrar na sala de Christian cai e se estatela no chão, ele prontamente ajuda a se levantar. Ela fica impressionada com a beleza e jovialidade do bem sucedido empresário e se sente atraída por ele. 

Christian fica impressionado e atraído pelo jeito tímido de Ana que ficar vermelha com frequência. Ele acaba por investiga-la e descobrir tudo sobre ela, então começa uma missão de encontrá-la visto que não parou de pensar nela desde o dia da entrevista. Daí para frente ele planeja um encontro ao “acaso”, ele vai à loja na qual ela trabalha para comprar alguns itens e é atendido diretamente por Ana e se coloca a disposição para fazer uma fotografia para o jornal da faculdade. Outo encontro acontece, mas desta vez para resgatá-la em bar onde foi comemorar o final das aulas, ela está bêbada pela primeira vez e seu melhor amigo José que é apaixonado por ela tenta beijá-la a força, neste momento Christian chega meio que como um salvador e a leva para o hotel onde está hospedado. A partir daí outros encontros acontecem e ele começa a apresentar para Ana um mundo novo e o desejo que sente pela mesma. 

Christian é adepto à prática BDSM (Bondagem, Dominador, Submissa e Masoquismo), ele é um dominador e deseja Ana como sua submissa. Sendo esta a única forma de relacionamento sexual que ele conhece, pois foi iniciado aos 15 anos por uma mulher casada e com idade para ser sua mãe, Mrs. Robinson (Elena), amiga da família Greye adepta do BDSM como dominadora. Assim, temos um Christian que teve a primeira infância marcada pela violência física, abandono e perda. Adotado aos quatro anos de idade pelo casal Grey e aos 15 anos assediado e abusado por Elena. 
Mais ou menos na metade do livro é falado de contrato de confidencialidade, regras e normas do relacionamento BDSM que Christian pretende ter com Anastácia, que não concorda com praticamente nada, mas acaba aceitando experimentar alguns jogos e práticas. Assustada conta para Christian que é virgem, ele fica muito bravo, mas como ambos estão dispostos a se envolver ele resolve o “problema” dela através do que ele chama “sexo baunilha” que nada mais é a definição dele para o sexo sem dominação e convencional coisa que nunca tinha experimentado. Eis aqui a primeira vez de ambos. 
“O que é sexo baunilha? pergunta Anastácia. É sexo convencional. Responde Christian. Nada de brinquedos nem acessórios. Por que nunca fez sexo baunilha? Uma das amigas da minha mãe me seduziu quando eu tinha quinze anos. Ela tinha gostos muito especiais. Fui submisso a ela durante seis anos”. Ana fica congelada com esta revelação e Christian conclui: “Na verdade, não tive uma introdução normal ao sexo”. Ana olha para ele e pensa: “Este homem tão avassalador, prepotente vem com esta bomba. Este homem – que sofreu abuso sexual na adolescência”. 

Christian não é um monstro, ele dá a Anastácia a possibilidade de pesquisar tudo sobre BDSM para depois discutirem e pede para ela usar a própria intuição. Christian deixa claro que é monogâmico. 

No desenrolar da história eles acabam iniciando o contato físico mesmo sem a assinatura no contrato, pois ambos estão muito envolvidos. Christian tem alguns limites rígidos como não se deixar tocar principalmente no peito e braços e mais tarde vocês saberão o motivo. Mas, aos poucos ele começará a abrir a guarda, e quando Ana vai tirar a camisa dele o mesmo não deixa e diz: “A camisa não. Talvez você tenha que tocar em mim para o que eu planejei”. Acrescenta que Ana está no comando. “O que vai fazer comigo Ana?”. Na relação BDSM a submissa tem o poder de quando não quiser fazer algo é só dizer a palavra de segurança que o seu pedido é atendido e respeitado. 
-Por que você não gosta de ser tocado?  
-Porque sou cinquenta vezes fodido, de cinquenta maneiras, cinquenta tons diferentes, Anastácia. 
A honestidade dele desarma Anastácia e ele continua: “tive um começo de vida muito duro. Não quero sobrecarregar você com os meus detalhes, só não me toque”. 

Ana percebe Christian, como dominador, possessivo, Mas é seu grande amor e quer mais da relação. Embora aos 27 anos ele nunca tenha tido efetivamente uma namorada (nos padrões convencionais), ele se propõe a tentar dar um novo significado à relação com Ana que o define: “Este homem que já considerei um herói romântico, um corajoso cavalheiro valente – ou cavaleiro das trevas, como ele disse. Ele não é um herói É um homem com sérios e profundos problemas emocionais, e está me arrastando para a escuridão. Será que não posso guiá-lo para luz”. 
- Eu ainda quero mais, sussurra Anastácia.  
- Eu sei – diz ele. – Vou tentar - Por você, Anastácia eu vou tentar.
O relacionamento segue cheio de muitas transas intensas e profundas descobertas de sentimentos, sensações e sabores, ainda que Anastácia muitas vezes se assuste com o Christian controlador, dominador e, pelo temor de a perde-la cuida excessivamente e procura supri-la em tudo. Creio que se pudesse inclusive a colocaria em uma redoma. 

Em contra partida temos uma Anastácia que em alguns momentos tem a autoestima rebaixada e Christian mostra o tempo inteiro isto para ela tentando elevar sua autoestima. “Para uma moça tão inteligente, espirituosa e bonita você têm alguns autênticos problemas de autoestima”. 

Anastácia está longe de ser uma submissa, mas seu jeito petulante e desafiador faz nascer um Christian que o próprio não conhecia. O único lugar em que ela se torna um pouco mais submissa é no quarto de jogos e lá muitas coisas acontecem. “Fora do quarto de jogos gosto que você me desafie. Trata-se de uma experiência muito nova e revigorante, e eu não iria querer mudar isso. Portanto, sempre me diga o que quer em termos de mais. Vou me esforçar para conservar a mente aberta, e tentarei lhe dar o espaço de que precisa”. 

Assim, eles experimentam muitas coisas como a primeira vez, e são muitas primeiras vezes que você poderá descobrir com a leitura dos livros. 

Bom, é importante não perder de vista que a história é uma ficção e não ficar sonhando com o homem ideal, muitas coisas são aplicáveis à vida desde que tenham em mente um ponto de equilíbrio. É possível viver um grande e avassalador amor?Creio que sim, mas dependerá sempre das duas pessoas. Existem mulheres possíveis, homens possíveis, relações possíveis que precisam e podem ser apimentadas pelos pares envolvidos. É possível experimentar o novo e vivenciar o já vivido de formas diferentes, para isto precisa-se de criatividade, cumplicidade, companheirismo, descobertas e redescobertas em relação a si e ao outro. 

Durante minha leitura, gostei muito das músicas tocadas por Christian, outras ouvidas no carro ou no Ipod por ele ou por Anastácia, assim resolvi compartilhar as músicas que aparecem no Livro 1 – Cinquenta tons de cinza e que vale pena serem ouvidas, é um banquete para os amantes de música.

Trilha Sonora do livro 1 – Cinquenta tons de cinza 

1. Lakmé (Act I): Flower Duet (Mady Mesplé, Danielle Millet)
2. Bach: Adagio from Concerto 3 BWV 974 (AlexandreTharaud)
3. Villa-Lobos: Bachianas Brasilerias 5 - Cantilena (Barbara Hendricks)
4. Wichcraft – Sinatra (ouvida no apto. de Christian)
5. Verdi: La Traviata Prelude (Riccardo Muti / Philharmonia Orchestra) (no carro de Christian)
6. Toxic – Britney Spers (música do Ipod de Christian colocada por Leila)
7. Damien Rice (não foi mencionada nenhuma música apenas o cantor)
8. Pachelbel: Canon in D (Sir Neville Marriner/ Academyof St. Martin-in-the-Fields) – (música que Taylor colocou para tocar ao pegar Ana no aeroporto de Seatle vinda da Georgia)
9. Tallis: Spem in Alium (The Tallis Scholars) (música colocada para tocar no quarto de jogos para suprimir Ana de outros sons e se concentrar nos estímulos dos acessórios e das investidas de Christian)
10. Chopin: Prelude #4 in E minor, Largo (Samson François) – Prelúdio Opus 28 número quatro em mi menos(tocada no piano por Christian em uma das madrugadas sem sono)
11. Marcello – Bach (Ana pediu para Christian tocar após o Prelúdio). Pág. 442 

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14 comentários:

  1. Tania minha Flor!
    Amei sua resenha e tenho que confessar que eu li 50tons antes de virar esse fenômeno todo! Li sozinha, simples e calma e me apaixonei totalmente!
    Na época estava um pouco afastada da leitura em geral e ele me trouxe com tudo de volta!
    Tenho um super carinho por isso, claro que depois vieram as criticas e algumas até concordo!
    Mas se realmente fosse tão ruim, pq tanta gente procura?
    Christian para mim é um príncipe! Amo totalmente o personagem e sempre defendo!
    Parabéns pela Resenha! s2
    Beijos
    http://overdoselite.blogspot.com.br/2013/11/resenha-easy-tammara-webber.html

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    1. Paulinha, eu acho que o pessoal exagerou um pouco nas críticas. As pessoas sabem o teor do livro então se leram tinham ideia do que encontrar, se não concordam com as cenas sexuais que não tivessem lido, de minha parte gosto do tema, não gosto de exageros e não houve tantos exageros assim. Gosto do Christian e da Anastácia.
      Paulinha, você não acredita comprei uma caixinha de chá da marca favorita da Anastácia que leva o nome de Lady Grey, tenho até dó de usar os sachês. risos.
      bjs

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    2. AGORA EU RI!
      E eu que sempre que vejo um sorvete de baunilha, dou um sorrisinho cúmplice com a minha mãe! s2
      E concordo com vc, muito exageros, já li livros muito mais pesados!
      Amo eles também!

      PS: Resenha quentinha de Insurgente - Divergente - Livro 2 - Veronica Roth
      http://overdoselite.blogspot.com.br/2013/12/resenhainsurgente-divergente-livro-2.html
      Passa lá e comento que RETRIBUO a visita!
      Beijos

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  2. Olá,

    não li o livro, conheço muita gente que leu. Sei do que se trata, até porque o livro foi muito falado, mas não me interessei pela história.

    Dani

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  3. Oi Tania,
    tudo bem?
    Esse livro não faz muito o meu estilo. Mas confesso que sua resenha quebra qualquer preconceito e faz uma leitura totalmente diferente do personagem principal, o que faz a pessoa querer ler independentemente das críticas.
    Parabéns pela resenha.
    beijinhos.
    Cila- leitora Voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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    1. Oi Cila, vale a pena ler e não é pelo conteúdo erotizado, mas pelo romance, para ver as transformações que o amor promove.
      Bjs Amada.

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  4. Olá Tânia!
    Sou suspeita para falar de 50 tons, sou totalmente apaixonada pela série. Quem me conhece, sabe que comecei a amar livros hot por causa da EL James.
    O povo que criticou, com certeza não soube apreciar a história, pois não tem só sexo em si, tem uma história bem bonita de Grey e Anastácia.
    Amei sua resenha!
    Beijinhos
    As Leituras da Mila

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    1. Mi, como concordo com você, não tem só sexo, a bem da verdade respeito as opiniões divergentes, mas não gosto de hipocrisia e muitos críticos fazem parte dessa categoria. Como podem criticar de forma tão ferrenha algo que somente ouviram falar? Ok ok. hahaha

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  5. Oi Tânia!

    Não curto esse estilo, no final das contas tudo se resolve na cama, isso é tão superficial...

    Abç!

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    1. Oi Gladys minha linda, não se resolve tudo na cama não, tem muito mais que isso. Respeito que o estilo não a agrade, mas me perdoe não é superficial tem amor envolvido e amor transformador, pois o amor da Anastácia fez milagres na vida no CG. Obrigada por comentar.
      Beijocas

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  6. Olha, eu tenho uma certa resistência com esse livro... mas comprei toda a série, porque foi com ele que começou essa onda de romances hot e eu faço questão de ler e dar minha opinião, mesmo que a cada resenha eu acredite mais que não faz meu estilo... rs...

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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    1. Jú, você é linda e das minhas, faz críticas depois de conhecer. Não é possível falar que não se gosta de determinado prato ou fruta se nunca experimentou, na minha opinião é a mesma coisa com livros, para criticar precisamos ousar entrar em contato, tentar ler mesmo que desista. Nada como ser verdadeiramente franca e corajosa.
      Bjs

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  7. Oi bonita! Que sinuca que você me pós =3 eu ganhei esses livros ano passado. ainda estão no plastico =x eu tenho mta resistência com eles. Já lia livros "hots" bem anos, nora roberts, livros de banca, então não foi bem novidade como foi pra mtos (e bom ponto levantado, tem uma moça em meu trabalho, evangélica dos pés a cabeça, com o livros no braço hahaha nunca vou entender)
    eu ainda penso em dar uma chance aos livros antes de trocá-los. Eu posso não curtir o fato de ser baseado pelo autora em crepúsculo mas isso não muda o fato de o livro poder ser até um bom passatempo, mesmo q não seja uma literatura excelente
    ótima resenha flor
    Bjussss
    Pan

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  8. Já li a série, e acho bem legal, mas o primeiro livro deixou muito a desejar, infelizmente.
    O segundo é o meu favorito.
    Beijos, boas leituras e feliz!

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