A dama de papel

18 outubro 2015

Resenha por: Tânia Bueno
Título: A dama de papel
Autor(a): Catarina Muniz
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance sensual erótico de época
Páginas: 256
Compre e Compre: Submarino e  Americanas 
Adicione: Skoob 
Nota:

Sinopse: Localizado na zona periférica de Londres em meados do século XIX, o bordel de Molly está sempre repleto de fregueses: ricos e pobres, magnatas e operários. O que nenhum deles sabe - nem mesmo as outras trabalhadoras do estabelecimento - é que a dona do prostíbulo optara por ser "mulher da vida fácil" após fugir de um casamento forçado, abrigando-se nas entranhas de um cortiço na busca indelével por liberdade.
Certa vez, no entanto, Molly é inebriada pelas propostas de um cliente: Charles O'Connor, o herdeiro de um império têxtil, deseja que ela seja somente sua. Molly, arrebatada pelas sensações provocadas pelo novo amante, se vê obrigada a questionar o modo de vida que conduzira com orgulho até então, além de testar os limites da liberdade obtida a duras penas.
Entregues à avassaladora paixão e à incrível química sexual que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias sociais e a moral conservadora da época para dar continuidade a este amor proibido. Mas terão de pagar um preço alto por suas decisões.
O Ano? 1875 - Época em “o casamento entre as famílias ricas era arranjado como uma espécie de degrau para o avanço do status social ou para a manutenção do mesmo. Enquanto os romances discorriam sobre histórias de uniões por amor, o que antes ditava uma possível relação matrimonial, no século XIX eram as vantagens que esta traria e não o afeto mútuo entre os cônjuges. Nesse arranjo, o papel das mulheres dentro do seio familiar era o de uma educadora, mãe dedicada e atenciosa. Não obstante, ela também assumia uma importante função para o bom desempenho da família, uma vez que os homens eram dependentes da imagem que suas esposas pudessem traduzir para o restante das pessoas (DEL PRIORE et al., 2001, p. 229). Dessa forma, é possível dizer que manter uma vida de boas aparências era fundamental para que se obtivesse prestígio e respeito dentre os seus iguais, pois qualquer mácula ou escândalo poderia prejudicar as ambições da família e, portanto, uma conduta irrepreensível (especialmente por parte das mulheres) se fazia indispensável para o sucesso desta.” (fonte: Wikipedia)

Aqui encontramos Melinda Scott Williams que sempre chamou a atenção da família por, normalmente, sair dos padrões da figura feminina da época, ou seja, ria alto, cabelos soltos rebeldes e uma menina-moça avessa a muitas coisas, dentre elas casamento arranjado, aparências, etc... O que fazer quando a família arruma um casamento para uma jovem com um homem que tem idade para ser seu pai? O que fazer para viver e experimentar a liberdade em sua plenitude, ser dona da sua própria história independente de qualquer coisa? Você estaria preparada(o) para romper com dogmas da sociedade e correr o risco de em algum momento viver um inferno na terra em decorrência da sua escolha? Que preço você estaria disposta(o) a pagar?

“Melinda via-se como um animal selvagem enjaulado e indócil. Ela sonhava com a vida. Com a própria vida. Com o domínio e a posse sobre si mesma, à sua maneira.”
“Melinda era diferente. Para alguns, uma louca. Não havia outra explicação. A ela bastava apenas a vontade incessante de sentir-se dona do chão sob os pés.”   Com este trecho eis minha reflexão: O que um povo, uma sociedade ou pessoas não compreendem é chamado de loucura. Se romper regras para viver o seu eu em total plenitude, seja louca ou louco sempre! Faça suas escolhas e trilhem seus caminhos.
Então, nossa protagonista maravilhosa, pela qual tenho e terei respeito e profunda admiração, se torna Molly e a partir do momento que foge de casa e de um  casamento arranjado, com frio e fome nas rua da Londres de 1875, e que mesmo nesta situação em um momento algum se arrepende e nem cogita retornar ao conforto outrora lar. É encontrada por uma dona de prostíbulo, recebe aulas sobre tudo já que não tinha experiência alguma e se torna Molly, a garota e depois a mulher que é comentada e enaltecida por todos os homens, operários, empresários e outros que você vai ficar assustada, mas ela nunca desejou saber suas origens, apenas os recebiam e os tratava como clientes, até receber o empresário Charles O´Connor, casado com uma mulher, segundo ele, linda, uma rara porcelana, excelente mãe e exemplar dona de casa. O relacionamento deles até então dentro dos padrões, mas ele cede à tentação e curiosidade e vai conhecer a prostituta tão comentada. Melinda apresenta a ele experiências e sensações jamais imaginadas e notem, tudo isso acontece de forma lindamente descrita pela querida autora Catarina Muniz que me surpreendia em cada página. Não pensem encontrar aqui cenas ou termos chulos. A Catarina produziu uma obra erótica praticamente poética, sensual sim, com cenas quentes sim, mas com uma delicadeza incrível.

Bom, Charles trava um conflito enorme consigo, sente ciúmes e quer Molly somente para ele. Ela descobre nele um sentimento jamais vivido e se doa 100% tanto que não cobra o primeiro encontro o que cai gerar nele alguns questionamentos e ele volta, volta outras vezes e um vão se abrindo um com o outro e vivem algo livre, leve, solto, sem compromisso e dividem alguns segredos, tal como Molly revelar seu verdadeiro nome, mas pede segredo. Por que pediu segredo? Leia para descobrir.

Tudo vai muito bem até Molly descobrir que sua irmã se casará com Albert, oasqueroso senhor do qual fugiu, agora recém-casado ele vai ao prostíbulo e acaba descobrindo quem é Molly e transforma sua vida em um inferno, eu usaria um palavrão aqui ou alguns palavrões para me referir a este cretino.

Então meu povo chega de situar sobre a história em si, mas o que compartilhei até aqui é apenas uma ponta de tudo que acontece nesta obra, como eu disse tão bem escrita pela autora Catarina Muniz.

A autora através dessa trama me convidou a fazer muitas reflexões sobre o processo de luta da MULHER para conseguir ser ela mesma nos dias de hoje, não ser objeto na mão de nenhum homem, trabalhar para se sustentar, fazer escolhas ainda que estas não atendam aos anseios de suas famílias e de nenhuma sociedade. Ter autonomia sobre seu corpo, não ser propriedade de nenhum homem, seja do pai que cedeu um cromossomo para que ela fosse gerada já que casar-se era basicamente para estar bem com a sociedade e para procriar nem seja do marido arranjado para garantir a manutenção ou aumento da riqueza da família e um lugar de prestígio em uma sociedade que escravizava mulheres operárias e crianças operárias pobres que “trabalhavam” em suas fábricas.  Esta trajetória toda da mulher nos mostra algumas agruras das Mulheres até chegar ao movimento feminista que surgiu não para elas concorressem com os homens, mas para garantir direitos e acesso ainda que mínimos na época. Será que tem preço você fazer o que você quiser do seu corpo? Nesta, ocasião, talvez a única propriedade de algumas mulheres, SEU CORPO. Fazer escolhas independentes de qualquer coisa e ser a única pessoa responsável por elas, isso tem preço? Não, decididamente, não. E deixo claro aqui, esta é minha opinião, afinal sempre defendi e defendo a liberdade em todas as suas formas.

Molly foi magistralmente criada por Catarina Muniz para mostrar alguns absurdos que sabemos ocorreram, mas acima de tudo para nos apresentar uma Mulher vitoriosa que peitou uma sociedade machista e cheia de preconceitos exercidos por homens e as chamadas mulheres de “bem”, afff... estas me deram nos nervos e uma vontade enorme de bater na mulherada “certinha”. 

Então, convido você que tem restrições com romances mais quentes a ler esta obra, pois a cenas sensuais não chocam, uma obra que não traz termos que chocam e volto a dizer há poesia na forma como a Autora descreve as cenas, claro que tem algumas pessoas ridículas que você como eu terá vontade matar, mas a vontade passará e não precisaremos ir para nenhuma prisão imunda da época. 

Catarina Muniz conduz cada núcleo de forma linda, não pense em um final clichê, não... não tem final clichê. Eu bem que gostaria de ter lido um final assim, mas a autora conduziu tudo de forma tão coerente, bem estruturada e amarrada com os fatos da época que deixa os leitores satisfeitos em uma única obra.

Olha que interessante, sabe aquela coisa de que todo conhecimento adquirido pode servir e serve para para muitas coisas e para vida inteira, é nosso maior tesouro e ninguém nos tira? Pois é, a autora baseou todos os fatos históricos da época no conhecimento adquirido enquanto estudava Diplomacia, fase da sua história de vida em que aprendeu muita coisa.

A Narração foi feita em 3ª pessoa e me incomodou apenas o fato de o narrador em vários momentos se referir à protagonista como Prostituta e não pelo seu nome, para mim o narrador demonstrou um certo preconceito, já que ao se expressar dessa forma para mim passou algo negativo, não gostei disso.

A Editora Universo dos Livros produziu um livro lindo, com uma diagramação perfeita e com muita personalidade. Achei a capa muito bonita e totalmente coerente com a trama. O título está em total ressonância com a trama e a autora foi muito feliz com a definição dele.

A UDL (Universo dos Livros) tem um pessoal incrível, mas como não dá para mencionar todos aqui, mencionarei a equipe que produziu a obra, afinal estes profissionais merecem reconhecimento também. Luiz Matos, um querido (Diretor editorial), Márcia Batista – linda (Editora Chefe), Assistentes: Aline Graça, Letícia Nakamura e Rodolfo Santana), Prepração: Bruna de Carvalho,  a capa foi feita pela querida Francine C. Silva  e a Arte por: Fan (Francine C. Silva) e Valdinei Gomes. Revisão: Juliana Gregolin e Saulo Alencastre. Não posso me esquecer da pessoa que cuida do Relacionamento que é o querido e sempre atencioso Lucas.

A Catarina Muniz é uma pessoa incrível, uma delícia bater papo com ela, uma pessoa disponível e divertida com a qual é possível trocar ideias, expressar algumas loucuras e inferências de leitoras enxeridas como eu que vive a história de forma muita intensa, se revolta, fica brava, briga com algumas personagens e às vezes com os autores (risos). 

“Nada havendo a perder, a liberdade torna-se a propriedade única. Inclusive a liberdade de não.” (OMG!! Que demais este quote!! Eu creio nisso!!!)

LEIAM JÁ e me contem o que acharam?


Beijos de época e libertos!
Tânia Bueno

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17 comentários:

  1. Resenha maravilhosa!

    Eu adorei o livro...só que tem gente lendo, ele e achando que era um romance de época fofo! Não "queridinhas"!
    Não é um romance fofo, estilo a titia Julia Quinn.

    Eu adorei até agora este foi o melhor livro...Pq este ano não tive muito sorte com livros.

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  2. Ooi,
    Gostei muito da premissa!!! Sua resenha ficou perfeita e me deixou aqui morta de vontade de conhecer a história inteira.
    Vitória Zavattieri
    Corujas de Biblioteca

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  3. Olá!
    O livro já me chama atenção por ser de época e mais ainda pela personalidade da protagonista.
    Molly parece ser do tipo que nos encanta por sua força e determinação.
    Com certeza irei ler.
    Ótima resenha!
    Beijos.

    Li
    Literalizando Sonhos

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  4. Olá,
    nossa acho que finalmente achei um romance que foge do clichê, adorei a forma como a autora criou sua protagonista e também iria me incomodar bastante ler "prostituta" ao invés do nome dela. Lerei com certeza e espero gostar muito. Bjus!!!
    http://www.lendoaestante.blogspot.com/

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  5. Olá!
    Como é minha próxima leitura não li sua resenha.
    Recebi agora da editora Universo e estou doida pra ler.
    Amo romance de época mas agora vi aqui que não é fofo aí senhor fiquei curiosa
    http://malucaspor-romances.blogspot.com.br/

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  6. Oi Tania!
    Eu recebi esse livro em uma promoção no skoob e não vejo a hora de iniciar a leitura. Adorei a tua resenha e pelos teus comentários pude perceber o quão profunda essa obra é.

    Beijos!
    Books and Movies
    www.booksandmovies.com.br/

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  7. Oi Tânia, tudo bem??
    Eu curti muito a capa do livro e o título... fiquei extremamente curiosa do porque a autora optou em escolhê-lo... gostei da proposta enredada nesse livro.... li um com uma história parecida, mas completamente diferente... a única semelhança é que a mocinha também peitou a sociedade machista... hoje em dia agradeço por não ter nascido naquela época... porque ser objeto de homens asquerosos é de doer... ainda mais eu que nunca gostei de velhos kkkkk curti muito a sua resenha... e tudo que você falou da obra... assim que eu tiver a oportunidade quero ler esse nacional... Xero!

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  8. Estava com receio de ler por causa das tais cenas quentes que eu odeio, rs, mas vou confiar no seu convite e me arriscar com o livro então... hehe... não consigo nem imaginar viver nessa época em que a mulher podia ser no máximo dona do próprio corpo, normalmente nem disso, já que era tida como propriedade do pai e depois do marido. Só depois de viúva é que ela poderia ter algo, se desse conta de resistir à pressão pra se casar de novo e se tornar um objeto de novo. Mesmo as mulheres ricas eram tão escravas quanto as operárias. Pelo menos é a impressão que eu tenho da época. E gente, a autora estudou Diplomacia? Que legal! rs... Não sei exatamente quando, mas vou ler.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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  9. Oi!
    Li bem por cima da sua resenha, porque eu quero muito ler esse livro nesse mês, e não quis pegar nenhum detalhe da obra, pra tudo ser uma surpresa... rsrs
    Mas deu pra ver que você gostou muito do livro, e espero gostar também ^^

    www.gordinhaassumida.com.br

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  10. Olá!
    A sua resenha me deixou muito curiosa para ler a obra. Não sou muito fã de romances de época, pois eles são muito previsíveis, mas a sua resenha me ajudou a ver que o livro não é assim. Fiquei interessada.

    http://loucurasaovento.blogspot.com.br/

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  11. Olá, tudo bem?
    Que bela resenha você escreveu. Uma pena que eu não curto nem um pouco romances, ainda mais de época. Nada contra, é que eu não consigo me identificar com os elementos usados nesse gênero. Mas aposto que é uma ótima leitura para quem curte ;)
    Parabéns pela resenha.
    Beijos

    Academia Literária DF

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  12. No meio da história já fiz cara feia confesso por causa do gênero, mas depois de ler a sua resenha fiquei realmente impressionada com cada detalhe dele. Simplesmente incrível. Confesso que continuarem receosa, mas irei dar uma chance e espero gostar como você.
    Beijos e sucesso.

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  13. Oi Tânia, tudo bem?
    Não conhecia o livro e nem consigo imaginar como era difícil ser mulher nessa época. Fiquei pensando como será a vida de "Molly", que fugiu do casamento para ser dona do próprio nariz, contudo parece que continuo a não ser dona nem do próprio corpo. Fiquei bem curiosa com o livro e apaixonada pela capa. Dica anotada.

    Bjs, Glaucia.
    www.maisquelivros.com

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  14. Olá,
    Tudo bem?
    Nunca ouvi falar do livro (kkk), mas a premissa me parece ser bem envolvente.
    Entretanto não tenho interesse em romances/Eróticos de época, por algum motivo não me apego a leitura e acaba se tornando chato.
    Beijinhos,
    Karine!

    Conheça-me: Lendo no Inverno

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  15. Oi Tânia, a premissa da história é bem interessante e pelo que vi não é um livro erótico que se baseie apenas no sexo e isso me interessou, mesmo não sendo fã d livros eróticos. Estou curiosa pela leitura e quero ver como ela transita entre a vida de boa moça e a vida de uma prostituta, parece que mesmo buscando liberdade ela acabou a perdendo de outra forma

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  16. Oiii,

    É um livro que me agrada muito, alem da capa ser maravilhosa, parece que tem uma história fascinante.
    Amei a resenha.

    bjs.
    http://thehouseofstorie.blogspot.com.br/

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  17. Olá

    Adorei a premissa, gostei da sua resenha, é um romance de época muito atual, porque tem muita das questões que você citou da sociedade machista e tal, isso ocorre até hoje, tambémnão gostei de saber que o narrador se refere a protagonista o tempo todo como prostituta, acho que isso foi desnecessário, mas mesmo com as ressalvas quero muito ler esse livro.

    Bjss

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