O Irmão Alemão

25 novembro 2015

Resenha por: Kátia Vieira
Título: O Irmão Alemão
Autor(a): Chico Buarque
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção
Páginas: 240
Compre e Compre: Saraiva
Adicione: Skoob
Nota:

Sergio Ernest nasceu em Berlim em 1930. Chico Buarque viria, a saber, da existência de seu irmão apenas em 1967, aos 22 anos. Estava com Vinicius de Moraes e Tom Jobim na casa de Manuel Bandeira, quando este mencionou, de maneira fortuita, “aquele filho alemão do seu pai”.
Sérgio Buarque de Holanda morou em Berlim entre 1929 e 1930. Ainda solteiro, lá viveu uma aventura amorosa, e voltou ao Brasil sem ter conhecido o filho que resultou do affair. Embora não fosse exatamente um segredo, essa passagem jamais chegou a fazer parte da conversa familiar.

Transcorrida muitas décadas, Chico Buarque decidiu tomar o assunto – e o silêncio que o cercava – como matéria literária. Havia começado a escrever seu romance em torno de um irmão de quem nada sabia quando encontrou nos guardados da mãe, por acaso, uma correspondência entre autoridades do governo alemão e seu pai, ali chamado de Sergio de Hollander. Já no poder, os nazistas queriam se certificar de que a criança, então sob a guarda do Estado, não tinha antepassados judeus, a fim de liberá-la para adoção. A descoberta desencadeou uma pesquisa exaustiva sobre a vida e o paradeiro do garoto.

Imagine você pegar um livro emprestado na estante do seu pai, um aficionado por literatura cujas paredes da casa são cobertas por livros e ao abri-lo descobre um documento dizendo que existe um filho dele na Alemanha. O que você faria? Chico Buarque foi à busca desta história. Como detetive tenta descobrir o que houve com seu irmão alemão. 

Eu nem sei o que me fez comprar este livro, comprei à época do lançamento, em Novembro de 2014. Engana-se quem imagina que através destas páginas vai saber algo íntimo e pessoal da família Buarque de Holanda. Não. Não vai mesmo. Chico Buarque nos conduz a uma narrativa intensa, um delírio; ao imaginar o que poderia ter acontecido com seu irmão. Sua busca é incansável e obsessiva, porém o que mais me encantou no livro foi a narrativa rica sobre os costumes da década de 60. 
A história se passa em São Paulo e como sou paulistana doente fiquei encantada com os detalhes da juventude da Rua Augusta, da descrição do que era a cidade na época da ditadura militar, dos romances, da moda, de tudo que marcou esta época. Não podemos esquecer que a família retratada por Chico Buarque é de classe média alta. A meu ver não cabem críticas, pois ele utiliza muito bem a licença poética na construção desta época.

Filho de uma italiana chamada Assunta com Sérgio Hollander, Ciccio, Fracesco de Hollander é o irmão mais novo de Mimo. Não tem muitos atrativos, não conta com a simpatia do pai e nem com o interesse das mulheres, vive uma vida chata e vazia até que descobre alguns documentos que comprovam que seu pai teve um filho na Alemanha antes de casar-se com sua mãe. Faz dessa descoberta uma obsessão. A narrativa altera fatos verídicos e os delírios de Ciccio em busca de seu fratello. Tudo é tão bem construído que é impossível o leitor dizer o que é realidade e o que é fantasia não restando alternativa a não ser embarcar sem restrições nas aventuras delirantes de Francesco.
Algumas cartas e documentos originais do governo alemão fazem parte das páginas do livro, vão ilustrando a história conforme Ciccio vai descobrindo os fatos. É muito interessante a possibilidade de virar a página e se deparar com um documento da época, amarelado, com marcas fundas de dobras, em papel timbrado.

Apenas ao final do livro e exatamente na última página o autor nos revela o verdadeiro desfecho da história. Nada que chegue a ser surpreendente, mas para mim um determinado detalhe foi bastante curioso. Quem avisa amigo é, se você comprar o livro NÃO vá para a última página, pode estragar sua leitura, segure sua curiosidade, ok?

Classifiquei como favorito, pois é uma leitura muito gostosa, para entreter, nada cansativa. Quem está acostumado a ler o fará rapidinho e ao fechar a última página sentirá saudades de Ciccio e sua busca pelo seu irmão alemão.

Até mais!
Kátia Vieira

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7 comentários:

  1. Sou apaixonada com Chico e sua resenha me levará a uma livraria para comprar o Irmão Alemão. Eu tenho um tio e primos que não conheço, e já sou curiosa, imagina se fosse irmão? Estaria loucaaaaa! Ótima resenha, Kátia.

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    1. Olá Talita!
      Se você é apaixonada pelo Chico com certeza gostará.
      A habilidade dele com as palavras é incrível!
      Bjs

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  2. Oi Kátia! Ainda não li nada do Chico Buarque, acredita? Amo quando a leitura flui de forma que nem sentimos chegar ao final. Gosto de leituras assim para curar ressacas, porque costumamos ficar travados na escolha da próxima leitura né? Então, nada melhor que um livro com ótimo enredo e que dê pra ler em 1 ou dois dias.

    Beijinhos!
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    Beijinhos

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    1. Olá Carol!
      Que bom que gostou da sugestão.
      Acompanhe as próximas resenhas.
      Bjs

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  3. Oi Tania,
    Sem dúvidas este deve ser um livro muito rico! Acredito quando fala em intensidade.
    Fiquei com muita vontade de ler e bem, vou tomar o cuidado de não olhar a última página caso eu adquira ele, haha.
    Beijos
    Historiar

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    1. Olá Thamiris!
      Quem escreveu esta resenha fui eu Kátia, colaboradora da Tania aqui no blog.
      Não, não olhe a última página (rs), muito importante isso.
      Boa leitura!
      Bjs

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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